sexta-feira, 28 de maio de 2010

Poema_ sexta sem cesta

aqui,
numa esmagante noite de sexta feira,
que me prensa contra a parede de prazeres imaginados,
das promessas de sensações,

preenchimento de vazios,

infinitos que não veem.
mas, muito mais,
que promessas,
que cobranças,
que não-compromissos.

há os pecados mortais que me prometem,
mas só encontro pecados veniais.

no entanto,

só os mortais me salvariam.

noite vazia de sexta feira,
por que preciso preenchê-la?


parece uma prova,

concurso,
que seja!

mate- me de cerveja!


é como estar numa prova
de múltiplas escolhas,

do nada.

opções

que não respondem às questões.


onde estou ?
abandonado a respostas,

a questionamentos,
a promessas
,
a respostas,
de mais uma sexta feira,

que junto com ela,
comigo
vão se acabar!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dez Anos do Site Alma de Poeta


O POLEM desta próxima quarta-feira, dia 26/05, vai ser pura adrenalina.


O site Alma de Poeta irá comemorar seus dez anos de vida.
Venha mergulhar fundo nessa festança de prazer e alegria!

POLEM, DEZ ANOS DO ALMA DE POETA

A ARTE DE BRAÇOS E PORTAS ABERTAS!

Local: Quiosque Estrela de Luz

Posto 1 da Orla do Leme, Rio de Janeiro

- bem em frente ao restaurante La Fiorentina

Horário: a partir das 19 horas


Data: 26/05/2010.

sábado, 22 de maio de 2010

Pergaminho x iPad


Passarei, periodicamente, a postar artigos relacionados à essência do blog, originários de outros meios de comunicação, de autores diversos, apenas com a intenção de concentrar num determinado ponto as informações que leio e me facilitam reencontrá-las e, ao mesmo tempo, divulgá-las aos meus visitantes.

Desde já, solicito aos autores dos artigos a autorização para aqui publicá-los, comprometendo-me sempre citar a sua autoria.

O primeiro a iniciar essa série foi publicado no site Digestivo Cultural , e aborda com bom humor, embora sem omitir uma análise crítica, uma questão bastante polêmica quanto às inovações tecnológicas que buscam a substituição do tradicional livro impresso em papel.

Aquariano, que segundo os astrólogos de plantão são voltados para o futuro, sou apreciador desses gadgets tecnológicos, mas não abandono o outro lado resultante dos arquivos sensoriais que desenvolvi ao longo das minhas experiências em contato com o livro tradicional.

Muita novidade ainda vem por aí, mas nada que tire o belo efeito prazeroso e por que não dizer, fetichista, de se sentir um livro do velho papel nas mãos.


Recomendo aos interessados, como leitura adicional, o artigo " iPad-Admirável Livro Novo " , da revista Bravo ", da Abril Cultural.


iPad
Antonio Prata *
São Paulo, 17/5/2010


Gazeta da Jerusalém, século 1 d.C. Há duas semanas não se fala em outra coisa: de Damasco a Jericó, da Judeia à Galileia, aquém e além Jordão, todos discutem a nova tecnologia que, segundo seus criadores, vai revolucionar a forma como lemos.

Para aqueles totalmente desinformados, que passaram os últimos dias saqueando cidades vizinhas, degolando gentios ou fazendo libações a Deus, explico: trata-se de um bloco retangular, mais ou menos do tamanho de um tijolo, embora mais fino, a que chamam de "livro". A novidade tem conquistado tantos adeptos que já há quem anuncie o fim do pergaminho.

A maior diferença do "livro" em relação ao bom e velho rolo é o conceito de "página": em vez de o texto ser desenrolado continuamente, como fazemos há mais de mil anos ― muito eficientemente, diga-se de passagem ― o "livro" desmembra a escrita em centenas de retângulos de papel. Para passar de um parágrafo ao outro, quando se chega ao fim da tal "página", é preciso virá-la e recomeçar a ler no verso da mesma, lá em cima, o que, segundo alguns estudiosos, interrompe o fluxo da leitura e compromete seriamente a compreensão do texto.


Os defensores do tal "livro" dizem que sua superioridade em relação ao pergaminho reside principalmente em sua capacidade de armazenamento. Enquanto nossos rolos chegam a no máximo dez metros, um "livro" pode conter centenas de "páginas", o equivalente a dezenas de pergaminhos. Ora: para que eu quererei levar por aí tanta informação, se só consigo absorver uma palavra de cada vez? Além do mais, se pretendo ler 10 ou 20 rolos, digamos, num fim de semana no Mar Morto, basta pedir a um escravo que amarre em nosso jumento o baú ou vaso onde os guardo, antes de partirmos.

Outra vantagem que os aficionados pela nova tecnologia não se cansam de apontar é a facilidade de se achar um texto rapidamente, dada a existência da tal "lombada". Se bem entendi, trata-se de uma das superfícies do "livro", oposta à que se abre, onde se pode escrever o título da obra. Ah, filisteus! Não sabem que o prazer da busca reside no caminho percorrido mais do que no objeto encontrado? Nunca viveram a delícia de tirar todos os rolos dos vasos e desenrolá-los, e na procura de um texto dar de cara com outros há muito lidos e esquecidos, e rememorar os dias da mocidade, quando o mundo era calmo e seguro, não havia cristãos se rebelando nem invenções cretinas ameaçando a ordem?


Ouçam o que eu digo, filhos de Deus: nós lemos muito bem com o pergaminho por mais de um milênio e não há por que se supor que assim não o faremos até o fim dos tempos. "Livro" é invencionice desses cristãos novidadeiros e um e outro devem desaparecer antes que você termine de ler o rolo de sua preferência. Páginas?! Lombadas?! Messias?! Quem acredita nessas sandices?

Nota do Editor : Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado no O Estado de São Paulo, em 19 de abril de 2010.

Antônio Prata (24/08/1977)
é articulista do jornal O Estado de São Paulo, paulista, e tem os seguintes livros publicados: "Cabras, Caderno de Viagem", com Paulo Werneck, Chico Matoso e Zé Vicente da Veiga, "Douglas e outras histórias", “As pernas da tia Corália” ,"Estive pensando" e "O inferno atrás da pia".

1. Observação:
substitui a imagem original inserida pelo autor.

2
. Crédito de imagens:
pergaminho_
http://apacanimaiscadaval.files.wordpress.com/2009/08/pergaminho.jpg

iPad_
http://portalexame.abril.com.br/arquivos/img_961/ipad.jpg