sábado, 15 de agosto de 2015

PROTESTO CONTRA A POESIA DE ROBÔS


Acordo, pego o jornal O Globo de hoje, 15 de agosto de 2015, e leio, no caderno Prosa, isso:
= Inspirado em Jorge Luis Borges, projeto tenta ensinar poesia aos robôs =
“Experiência busca a dimensão literária dos algoritmos para tornar a interação entre humanos e computadores mais complexa
Que péssima notícia  (leiam em O Globo - Caderno Prosa)  para começar o sábado, o dia perfeito da semana. Jamais pensei em ler isso um dia: poesia de robô!!
Leiam o post completo no meu blog, Jopinando.

Observem a sutileza da manchete. E ainda utilizam o “patrocínio” de Borges para valorizar a estúpida ideia, construindo uma associação ilógica, numa interpretação forçada sobre uma expressão do escritor, conforme citada nesse trecho da notícia: - Além de Cousins, Jorge Luis Borges é outra fonte de inspiração para o projeto. Em uma palestra sobre a linguagem humana na Universidade de Harvard, nos anos 60, o escritor argentino definiu a metáfora como “uma identificação voluntária, por meio da emoção, entre dois ou mais conceitos diferentes”, capaz de criar conexões entre palavras tão díspares quanto “olhos” e “estrelas”. Onde isso tem a ver com ensinar poesia a robôs? Um argumento pífio para a justificativa da (espero) malfadada intenção que até, culturalmente, atribuo como criminosa.

O ser humano está se desumanizando cada vez mais. Os últimos bastiões, (antes, rincões) de humanismo, aqui representado pela poesia, - há quadros pintados por robôs - são invadidos pela tecnologia de uma forma vil, maléfica, maldosa, subversiva, ignorante, etc. Acrescentem-se mais modos em que essa bárbara invasão acontece.

Vamos sair ás ruas por isso também. Intitulamo-nos e conquistamos a posição de – Rio de Janeiro - Capital da Poesia – . Cabe-nos iniciar um movimento: “Robôs, fora da poesia!” Adicione-se às redes sociais uma “hashtag #robosforadapoesia”; crie-se um página no Facebook; faça-se divulgação nos saraus e mais o que puder. Adotemos como lema a essência dos versos de Fernando Pessoa:
“Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.”


Enfim, quem sou eu, poética e intelectualmente, e sem formação acadêmica para me opor a essa ideia e expressar esse protesto argumentando contra importantes pessoas e articulistas citados na notícia?

Não sou retrogrado. Sou favorável a novas ideias, novos conceitos, inovações e apreciador das conquista da tecnologia, mas, - “péra aí” –,  tudo tem um limite. Parafraseando o conceito de que “o seu direito termina onde começa o do outro”, pois então, o direito da tecnologia (robô) termina onde começa o da poesia”. Áreas totalmente díspares, assim penso.


Acredito que sei muito de humanismo, de viver a poesia que leio, em sentir a poesia pela qual me expresso e por olhar o mundo dos humanos com viés poético, mesmo dentro da dura realidade, dualidades inseparáveis, que escrevo com redundância, para enfatizar a minha contrariedade e a revolta contra esse prognóstico.