quinta-feira, 25 de junho de 2015

chove! (poema)


chove!
       jopin pereira
        25/06/2015r

chove!
lágrimas de chuva correm
no vidro de minha janela.
descaem pela face da noite
em que se transformou a minha vida.

em seu lento caminhar,
rolando sobre a face vítrea
impressa em minha janela,
desenham um rosto.

não mais que um contorno.
uma contínua linha
expressa a presença
de alguém que se foi,
e no entanto continua presente,
marcando todos os meus momentos.

difícil apagar tantas marcas,
de tudo que foi vivido,
pensado, sonhado.

reconstruir a alma?
curar a dor do sentimento partido?
acreditar que é real a partida?
ainda não sei bem;
uma parte de mim se foi.

a linha se esgueira
pela fria superfície molhada,
destacando-se das demais gotas
que saltitam em sua volta.
parece que algumas gotas especiais se unem,
comandadas por uma mão imaginária,
que as liga.

para formar aquilo que vejo?
ou seria aquilo que quero ver?
será que só vejo?

sinto,
como se estivesse desenhando
em minha pele.
mas é no vidro
que se delineia o rosto que ali surge ,
desenhado pelas gotas da chuva.

uma história de vida,
um caminho trilhado.
quero entender
por que a estrada se estreitou?
em que ponto dela
a vida parou?

razões de vida?
escolhas?
incertezas?
desencontros?
o que?

o rosto finalmente se forma na janela:
é você!
desde o início eu já sabia.
sempre esteve impresso em mim.

mas a chuva se irá.
o sol chegará
para suceder a noite.
o que será do novo dia?

quando choverá novamente
para que eu possa te rever?

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