domingo, 27 de setembro de 2009

Sempre sonhar...


Finalmente, no dia 21, após uma semana interditado devido à cirurgia da mão, comecei a assistir as aulas no curso de Letras da UERJ/FFP, campus São Gonçalo, turma do 2º semestre de 2009.
Eis que de repente, na quinta-feira, dia 24, fomos pegos de surpresa (claro que seria assim) para o trote.
Chuva fininha, tempo fechado, ninguém acreditando que seria naquele dia. E, não mais que de repente, foram chegando, disfarçando, dando a entender que a dinâmica de grupo que estava sendo conduzida para integração dos novos alunos era parte da aula e, ...tchan..tchan..tchan.. tchan!! Era o dia do trote mesmo!!!
Há coisas que não se explicam! Se faz, e nela se embute a explicação! Por que trote? Uns acham infantilidade, outros, comemoração, muitos, violência, alguns, invasão e desrespeito. É o trote, e é ele. É pegar ou largar! Uma instituição!
Não dava pra correr. Nem eu iria perder essa oportunidade rara na minha vida.
Vesti rapidamente a camisa branca recomendada para o dia, e deixei-me ser tela para os veteranos. No começo olhavam os meus cabelos grisalhos com certa “reverência” rs..., mas logo passaram e me ver como um “calouro” e me dar o tratamento “merecido” rs!
Só lamentei não estar com a câmera na bolsa, mas uma colega, (ah! as previdentes e pitonisas mulheres!) pôde fazer o registro desse momento único nas nossas vidas.
Curti de tudo. A fila do “elefantinho”, o desfile em bloco pela escola, o fazer reverência aos prédios para agradecer por estar ali, a matança de formigas “a grito” no gramado, a descida de “esquibunda” na rampa gramada, o receber todo tipo de esdrúxulas ordens dos mais antigos, o dar a cara, cabelo e o corpo a pintar, e toda uma relação de tarefas para calouros, elaborada pelos “vingativos” veteranos!
Graças à cirurgia da mão, livrei-me de fazer o “esquibunda” e ir à rua (estava chovendo) pedir dinheiro para a compra de cerveja para a comemoração ... muito justa! Mas contribui com algum dinheiro! Tive certo tratamento VIP (os 62 anos trazem alguma vantagem..rs), mas se estivesse bem da mão eu iria.
E assim aconteceu. Entre “calouros e veteranos”, todos se salvaram! Foi ótimo!
Bem, o espaço deste blog não é necessariamente para esse tipo de “reportagem”..rs.., mas os que o visitam hão de entender a minha empolgação e felicidade nesse momento de comemoração dessa vitória que quero compartilhar com todos.
Sei que chegar à universidade é apenas um começo. A estrada que se abre há que ser conquistada, desbravada e pavimentada, para que seja percorrida e sirva de caminho até onde me proponho a chegar. Quero e sei que vou chegar!!
Lacro esse momento com um poema de Mário Quintana:

DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Cairo de Assis Trindade publica conto em livro lançado na Bienal



Nessa Bienal do Livro 2009 foi lançada a proposta por uma editora - Hama – na qual se propôs a publicar um livro com 20 contos, ainda no período do evento.
Os textos foram selecionados por autores e diretores da editora, dentre aqueles entregues em seu estande pelas pessoas interessadas, até o dia 13/09/2009.
O livro Contos de Todos Nós foi editado, revisado, diagramado e impresso ainda no período da Bienal, e lançado no sábado, 19/09/2009.
Entre os textos selecionados está o do meu mestre, Cairo de Assis Trindade, com o conto “Fulana no Inferno”.

Retornando à estrada


Começo hoje a assistir às aulas no curso de Literatura/Português da UERJ, campus São Gonçalo, Faculdade de Formação de Professores_UERJ . Atrasei-me por uma semana - as aulas começaram no dia 18/9/2009 - por ter sido submetido a uma cirurgia na mão, devido a um acidente, exatamente nesse dia. Coisas do destino!
O pequeno poema reflete tudo o que sinto nesse momento.

novo começo
nova vida
easy rider
não sei onde é a chegada
só sei que estou na estrada
happy rider

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Bienal do Livro Rio 2009


Começa hoje, 10 de setembro de 2009, a Bienal do Livro Rio, um dos maiores eventos literários do país, um grande encontro que tem o livro como astro principal.
Para os leitores, é a oportunidade de se aproximarem de seus autores favoritos, além de conhecerem muitos outros. Durante onze dias de evento, no período de 10 a 20 de setembro de 2009, o Riocentro sediará a festa da cultura, da literatura e da educação.
Nos espaços dedicados às atrações, o público poderá participar de debates e bate-papos com personalidades culturais e de atividades recreativas que promovem a leitura.
Atraente e diversificada, a Bienal do Livro Rio é diversão para toda a família!
Mais informações no site Bienal do Livro Rio ou pelo telefone (21) 3035-9204 de 9h às 18h.

Nota

Em respeito aos visitantes do blog, comunico que ficarei sem postar por um período, pois vou me submeter a uma pequena cirurgia, devido a uma fratura na mão.
Até breve.
Jopin

sábado, 5 de setembro de 2009

Poema "último ato"

último ato
Jopin Pereira
4set09 19:21

quem quer um pouco de mim?
de coisas minhas do passado,
de coisas de hoje em dia,
um pouquinho do tudo,
daquilo que sempre vi,
do nada que nunca vivi,
do algo que alguém via,
do tudo que ninguém vivia;
um tudinho do pouco,
que nem mesmo eu queria.

no palco branco do silêncio
apresentou-se hoje
o meu ultimo fragmento.
sem estardalhaço,
nem sonoridade.
sem os ecos,
que costumam ocorrer
nesse momento.

um último ato,
de duração ínfima.
sem ensaio,
sem aplauso,
sem platéia.

restou apenas o
farfalhar das cortinas
se fechando.
e, para o último
e único espectador,
eu,
só restou a frase
do último ato:

“prepare-se
para o próximo espetáculo:
a tragédia do caos
ou o sofrimento da reinvenção”,
de mim mesmo.

Poema "empréstimo"

empréstimo
Jopin Pereira
05set09

não quero comprar mais nada.
por que tanto apego?
tudo o que temos é
empréstimo.

o apartamento onde moro
é um empréstimo,
até para o dono.
enquanto vive está com ele
depois muda de dono.
dono???

até o alimento!
tudo o que como,
a água que bebo,
o ar que respiro,
a luz que me lumina,
vêm a mim e
circula entre todos.

a água que bebo
reverte-se à terra
quando a virto.
imiscui-se pelos subteraneos
da polpa terrestre
não gosto de chamar de crosta
parece coisa de ferida.)
e depois evapora-se.
vira chuva cai nos rios.
canaliza.
bebe-se de novo e
está consumado
o ciclo do emprestimo.

só o amor não é assim.
consome-se.
gasta-se
dá-se
e se vai
se não o aceitam.

mas se renova
e sempre chega
de outra forma
nunca igual.
sem empréstimo;
sempre se dando!

Oficina de Criação Literária_Cairo Assis Trindade

Meu mestre e guru, Cairo Assis Trindade, chega à era do blog.
Oficina de Criação Literária que nasceu, nessa segunda-feira, 31 de Agosto de 2009.
Que bom, vê-lo abrindo esse palco, onde é ator, criador, diretor, produtor e, em que eu, como sempre, platéia e aluno, saúdo a sua entrée.
Santo Cairo “Francisco” de Assis Trindade, oro nos teus poemas.
Nada mais a dizer!

A Oficina de Criação Literária existe desde 1993. Os cursos são ministrados por Cairo de Assis Trindade, num espaço ao ar livre, em sua varanda com vista para o mar, ao lado da estação do metrô, Copacabana.

Tem como proposta incentivar a criação de textos e estimular a leitura de autores modernos e contemporâneos. A Oficina se propõe extrair histórias e poesia de dentro de cada um, dando os instrumentos necessários para o processo de desenvolvimento da escrita, e estabelecer a comunicação de experiências, sentimentos e emoções de todos, através da criação de textos, trabalhando com a memória e a imaginação. Utilizamos o conhecimento das técnicas para construção e aperfeiçoamento da escrita, buscando e desenvolvendo o estilo de cada um.

E, ao final de cada ano, editamos em livro os melhores textos produzidos por seus freqüentadores, durante o período do curso. E celebramos com um coquetel, em noite de autógrafos, o lançamento da antologia e o encontro de escritores já conhecidos no meio literário com novos escritores e grande público.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

gota vítrea


gota vítrea
Jopin Pereira

na pequena dimensão
de teu opaco invólucro
isento da coisa impura
expões tua pele vítrea
envolta em diáfana veste
protegida em doce armadura.

quanto cabe em teu âmago!
navegam ali teus tormentos,
proteges os pensamentos,
mergulhas em escondimentos,
dás de beber à solidão,
afogas falsos sentimentos.

pequena gota vítrea
pouco revela o que traz
mas a mim nada ocultas
da alma que se liquefaz.

jamais hás de se livrar
de alcançar teu destino,
ou de alguém que a receberá
mesmo sendo um sortilégio,
uma magia,
um encantamento,
uma tristeza,
sei lá...

essa que a mim se destina,
pérola vítrea que de ti brota
seja afeição ou querela,
não a deixarei ser sentença,
nem condenada a perder-se
no lenço da indiferença.

Procura-se um Zé

Replico, na íntegra,publicado originalmente no Blog doTorero o especial texto de José Roberto Torero , colunista da Folha de São Paulo que trata de uma forma, ao mesmo tempo, humorística e séria, tendo como pano de fundo o contexto do futebol, a banalização dos nomes. Podemos estender a qualquer área de nossa sociedade e o fato, provavelmente se repetirá. Não o publico, digamos, em causa própria, por me chamar José, mas por ser uma sacada genial.
Degustem!

Procura-se um Zé

José Roberto Torero
São Paulo, 01 de setembro de 2009

Outrora comuns, Josés são escassos no Brasileiro
e perdem protagonismo para nomes como William


CARO JOÃO, caríssima Maria, eu vos pergunto: Qual o nome mais comum entre os jogadores do Campeonato Brasileiro? José, certo? Errado. Totalmente errado. Os Zés hoje são uma raridade. Pelo menos no futebol.

Para ter certeza disso, fui ver como são chamados todos jogadores de todos os 20 times. São mais de 600 atletas, e entre estes encontrei apenas três zés: Zé Luís, do São Paulo, Zé Roberto, do Flamengo, e um cândido Zé, sem nenhum acompanhamento, que joga no Sport. Isso significa menos de 0,5%. Até no Esporte da Folha há mais Josés, como eu, o Geraldo Couto, o Carlos Kfouri e o Henrique Mariante.

Antigamente todo time tinha pelo menos um Zé. Ele podia vir acompanhado de outro nome, de um apelido, no diminutivo ou no aumentativo, mas toda escalação tinha um Zé. Tanto que, fazendo um pequeno esforço de memória, rapidamente consegui fazer uma seleção de Zés.

Ela começaria com o goleiro Zé Carlos, do Flamengo (com Zecão, da Portuguesa, na reserva). Na lateral direita, teríamos o Super Zé, que era o apelido de Zé Maria, do Corinthians (na reserva, os tricolores Zé Carlos e Zé Teodoro). Na zaga, Zé Eduardo, o viril zagueiro corintiano, e Zé Augusto, daquele célebre time do Bahia que tinha Sapatão, Baiaco e Beijoca. Na lateral esquerda, fiquei em dúvida entre Zé Carlos Cabeleira, do Santos, e Zeca, do Palmeiras. O meio de campo seria uma moleza: teríamos Zé Mário, do Vasco, o excelente Zé Carlos, do Cruzeiro e do Guarani, e Zé Roberto, talvez o melhor jogador da história do Coritiba. Na reserva, outros Zés, como o Elias, o do Carmo e o Renato. O ponta direita seria Zequinha, ex-Botafogo e São Paulo, o centroavante poderia ser o veloz Zé Alcino, que jogou pelo Grêmio com Paulo Nunes, e na ponta esquerda entraria Zé Sérgio, campeão paulista pelo Santos em 1984. Para técnico, há uma infinidade de opções, mas fico com Zezé Moreira, que é zé duas vezes. O árbitro? José Roberto Wright. O narrador? José Silvério, é claro.

O nome José era o símbolo do homem comum. Hoje, ironicamente, são artigos de luxo. Se Drummond escrevesse seu célebre poema por estes dias, teria que chamá-lo de "E agora, William?".

Acredito que esta escassez de zés ocorre por dois motivos. O primeiro é que as famílias de classe baixa há algum tempo vêm demonstrando uma inclinação por nomes estrangeiros. O José tornou-se um sinônimo de simplicidade, até de pobreza, e parece que querem mascarar estas coisas colocando alguns dablius no começo dos nomes e terminá-los com "son", o que sempre dá um ar americano. O segundo motivo é que os próprios jogadores tentam evitar o Zé.

Talvez acreditem que é um nome de pouco apelo mercadológico. Por exemplo, Kleberson, do Flamengo, é José Kleberson, mas preferiu ficar só com o segundo nome. E o artilheiro do Náutico chama-se José Carlos, mas preferiu trocar o José por Bala e virou Carlinhos Bala.

Enfim, atualmente ninguém aceita ser mais um José, ninguém quer ser considerado um simples Zé. Hoje em dia todo mundo é diferente. Todo mundo é William.

torero@uol.com.br