quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Poema "Amor de encontros"

Amor de encontros
Jopin Pereira

não aguento mais
esse amor de encontros,
quando nada começa
e onde tudo termina.

não te sinto no cio,
desvaneces o arrepio,
e nada acontece,
nem mesmo uma prece.

a hora marcada,
a próxima parada,
o relógio em que olhas
as horas contadas,
de um tempo
nem decorrido.
ah, e esse sexo contido!

e os assuntos nossos
que nem comentamos.
nunca resolvidos,
e mal iniciados
já se esvaem esquecidos.

e há tanto a falar
do que temos guardado,
e você nessa pressa
enclausura as palavras
num medo escondido.

encerremos esses encontros.
são proclamas de morte
de um amor natimorto,
que nunca esteve pronto
e, se viveu por um tempo,
foi só dos desencontros.

2 comentários:

Simples assim... disse...

Nem sei exatamente como cheguei a este texto, nem a este blog, mas quero comentar que adorei estes versos; achei perfeito "encerremos esses encontros.
são proclamas de morte
de um amor natimorto,
que nunca esteve pronto
e, se viveu por um tempo,
foi só dos desencontros".
Comentava ontem com um amigo sobre a questão da técnica, do cuidado de quem produz com métricas, rimas, e, no entanto, isso tudo se traduz em um único sentimento: o encanto da pessoa que lê diante da beleza. Parabéns, fiquei encantada.

Blog do Jopin disse...

Olá, Simples assim...
Os versos são verdadeiros, por retratar uma situação real. Puro fruto de um acontecimento. Nem sempre um poema consegue noticiar a profundidade do sentimento que o gerou. Sinto tê-lo, aqui, conseguido.
Fiquei extasiado com o seu comentário.
Interessante essa colocação sobre a rima. O poeta luta para evitá-las, mas, nesse, elas vieram embutidas nos fluxo das palavras.
Encantou-me o seu encantamento. E mais ainda, a parceria em fechar o ciclo escritor-leitor, que é a grande conquista de quem escreve.
Abraço do Jopin