terça-feira, 14 de julho de 2009

Anjos e demônios

Recentemente deparei-me com um fato íntimo que me levou a uma bifurcação de decisões.
Ah! Vida de dualidades! Espelho que reflete dois lados aparentemente iguais, mas intrinsecamente diferentes; opostos. Porém, sem elas não saberíamos viver.
Vivemos acreditando que temos as certezas de que caminhos optar quando surgem as indecisões, mas quando acontecem de verdade, trememos nas nossas crenças.
Anjos e demônios internos trazem à tona da alma as nossas fragilidades, os bons sentimentos e até as maldades que fazem parte do cadinho onde se fundem todas esses sentimentos que habitam em cada um.
Não cabe revelar o fato causador de tal reflexão, mas aqui publico o efeito sob a forma de poema, que melhor se ajusta à essência e forma de expressar a sensação do que passei.
Com o “andar da carruagem” o fato esgotou-se em si, no entanto houve um vencedor - nessa peleja não há empate -, que deixo a cada um que o leia, imaginar qual.
Ficou o poema, essa válvula de segurança da alma, que não nos deixa explodir, permitindo que, com segurança, escape um pouco da pressão interna, quando não a conseguimos controlar.
Jopin Pereira

Anjos e demônios
Jopin Pereira
19maio09, terça, 13:18

anjos e demônios
lutam dentro de mim.
gladiam-se até.

por vezes me entrego a alimentar
uns e outros:
comidas incomuns,
digestões diferentes,
resultados contrários.

sei que vai vencer
o que eu alimentar,
mas sua fome é grande.
os argumentos que trazem
para que eu defina a preferência
são sedutores,
chantagistas,
conquistadores,
mentirosos
e verdadeiros.

tenho me submetido a ambos
enquanto não decido
por qual deles
quero deixar viver.

Mas, no fundo,
quando estou longe do campo de batalha,
quando me ausento em mente,
quando me desvio dos motivos dessa luta
peço que os anjos me convençam
que é melhor optar por eles]
que aos seus rivais.

sei que vou trazer para mim,
com todas as consequências,
de ambos,
os valores
bons e maus,
daquele que eu alimentar,
e então, por isso,
percebo que
que não quero os demônios.

sei que quando faltar o alimento
eles vão comer a minha carne,
devorar a minha consciência,
arrancar meus pensamentos,
roer a sobra das minhas virtudes
e se deliciar com meus pecados,
até que, finalmente,
quando nada mais sobrar,
consumir a minha alma,
não restará
nem mesmo a lembrança
do motivo dessa luta.

* agradecimentos à poeta e revisora Vera Sarres pela contribuição à revisão do poema

2 comentários:

Nicinha disse...

Que Bonito amigo Jopin!
Estou seguindo o seu blog, agora.
E estou esperando aquele texto :)
Bj Nicinha

Blog do Jopin disse...

Olá, Nicinha, obrigado pela visita, o comentário e por estar no rastro do blog..rs! O texto está em alta fermentaçao! Em breve, no forno. rs.Bijuss do Jopin